terça-feira, 7 de dezembro de 2010

roubado...

"Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu anti socialismo interno.
Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos.
Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope. Faz eu dizer tudo ao contrário do que penso: nessas horas não sei onde vão parar minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.
Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também."

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por Martha Medeiros .


não costumo colocar textos roubados aqui, mas achei esse tão incrivelmente igual a mim que não resisti !

demais, não?

terça-feira, 19 de outubro de 2010

nonsense

a muito aquilo que costumava fazer/ser/sentir já não era igual a antes...
até seus pensamentos já não eram mais os mesmos...
deixara de lado toda a impaciência, intolerância e egoísmo para se tornar alguém que mal impunha suas opiniões...
não é que tenha deixado de as ter, mas é que aprendeu que as ter em silencio muitas vezes era o melhor...
e quando não se vive só, aquilo que facilita a vida passa de optativo à obrigatório...

não gostava de como as coisas andavam sendo... mas aceitava, se calava e ia vivendo.
ria sozinha de muitas coisas, chorava no escuro por outras, nada que não seja comum... só diferente do que costumava ser.
muitas vezes se pegava imaginando como as coisas seriam se tivesse se mantido fiel a seus sonhos, se nunca tivesse desviado o caminho...
não gostava de pensar assim, preferia acreditar que tudo vem pro bem, já não era mais tão pessimista.
"no fim, tudo isso vai fazer algum sentido" pensava ela... mas os dias se passavam, e o sentido ia a cada hora se perdendo mais...
já nem sabia do que gostava, não conhecia mais seus medos e anseios... continuava a viver.

criou novas histórias, aprendeu novos caminhos, conheceu novas pessoas, criou amor.
amor à aquilo que a vida lhe tinha dado, mesmo sem ela ter pedido, aquilo que era um presente do destino...
não sabia se gostava, se era aquilo o que ela queria... mas vivia...
aproveitava cada oportunidade, cada novo dia... como se aquele fosse o seu sonho,
mas não era... e isso era uma das poucas coisas que sabia.
... e continuava vivendo....

quarta-feira, 14 de julho de 2010

lixo no lixo

ela olhou pela última vez para seu passado antes de lacrar o saco e colocar no lixo;
viu tantas coisinhas, antiguidades que antes eram pedaços dela; cada pequeno objeto um sentimento...
era assim que ela pensava, era por isso que tinha guardado tudo num cantinho especial, achava que era uma extensão de tudo que ela já tinha vivido...
mas agora que já nem nos pensamentos, nem no coração aquilo existia mais, qual o sentido de continuar guardando? juntar poeira?
a poeira nunca a fizera bem... era a causa da alergia mais antiga dela... e aqueles objetos, a causa das mais recentes...
ia se livrar de tudo de uma vez só...
e assim fez;
achou que seria difícil, que até doeria... planejou como conter as lágrimas que provavelmente cairiam... mas não cairam... nem sequer deram sinal de querer surgir... o que sentiu não era nem de perto o que pensou que sentiria...
na verdade não era NADA; só o NADA com que já estava começando a se acostumar...

ela até que gostava do NADA, a fazia se sentir bem!

terça-feira, 29 de junho de 2010

e de vez em sempre vem aquela vontade louca de jogar tudo pro ar e sumir...
sumir de tudo que um dia me trouxe lembranças suas e que hoje só ocupa espaço dentro de mim...
tudo que um dia foi importante... foi, porque a muito já não é mais...
e engraçado é pensar, que tudo de mais importante entre agente, aconteceu exatamente quando não fazia mais sentido... NADA mais fazia sentido, só nossa temosia... aquela velha e eterna teimosia que sempre nos fez fazer tudo errado... SEMPRE!
afinal, se desse certo, se funcionasse de alguma maneira... não podia ser agente, não mesmo!
queria ainda saber o porque de você continuar fugindo... fugindo já não sei de que, já que não existe mais alguma coisa que se deva fugir... ou alguma coisa enfim... só o NADA.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

o antigo novo

era estranho o caminho que tudo tomou;
nao era o que ela queria, nao era o que ela planejava, nem tao pouco o que sonhara... mas de algum jeito estranho, era o melhor... mesmo causando muita dor...

diante de tantas mudanças, incertezas, surpresas, boas ou ruins, ela descobriu que aquilo que durante sua vida toda pensava ser o caminho mais certo, o mais bonito e o que sem duvidas deveria seguir era na verdade o mais distante e inalcansavel para ela... tudo aquilo que esperava e planejava tinha se diluido nas cervejas que começara a beber...
e assim acabou por acabar... com mais uma parte de si; com parte do pouco que ainda restava do seu eu original... mas afinal, não é disso que a vida é feita? de partes retiradas e repostas... caminhos alterados e sentimentos mudados?
era isso e so isso o que lhe restava, acreditar que o caminho a ser escrito podia ser melhor e mais bonito do que o que deixara para tras, mesmo que lhe parecesse impossivel, ela acreditava!

obs: teclado ta sem acento! desculpem!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

long, long time ago

as vezes fico tempos sem fazer as coisas que mais me fazem bem e a falta que no começo elas me faziam começa a fazer tanto parte dos meus dias que a dor se torna parte de mim, algo que já nem mais me incomoda....
achava que o sofrimento de antes era pra poder aproveitar agora... mas aprendi; ou finjo que aprendi que as coisas não melhoram... não mesmo, é tudo um processo pra no fim você acabar se acostumando com o não prazer... o obrigatório vira o diario... e dai prazeres se tornam raridades e a vida segue... sempre rumo ao pior... ou melhor, seja lá como você preferir!

o fato é que, já faz tempos que não venho aqui, e de tão ocupada, isso ficou normal... a falta que me faz já faz parte dos meus dias... e vivo com isso sem tanto sofrimento que um dia cheguei a sentir... mas sempre que dá, vir aqui me faz lembrar do que antes sentia, do que queria e de como ainda posso acreditar... nem que seja na ilusão que um dia ter tudo aquilo que eu sempre quis!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

no fim das contas...

você já esteve alguma vez tão perdido?
conhecia o caminho, mas continuava perdido?....

não que ela tivesse que passar por tudo isso;
afinal já tinha um bom tempo que sabia o que queria fazer,
sabia os caminhos que iria tomar e onde tudo isso deveria terminar.
antes mesmo de começar, a unica certeza que tinha era; não vai durar...
mas o destino, como sempre, tratou de aprontar uma das suas, e em pouco tempo nada mais era como deveria ser.
os caminhos já não eram iguais, a finalidade não era a mesma, e a tão sonhadora arquiteta agora seria uma odontóloga...
quando tudo resolveu mudar eu não tenho idéia... mas o fato é; MUDOU. e nada mais do que era certo pode continuar...
aquilo tudo que sabia não sabia mais... e a unica certeza é de que nessa vida, NADA é certo!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Lispectoriando ²

Era Tudo

(...) não entendo nada. Era uma verdade tão indubitável que tanto seu corpo como sua alma vergaram-se ligeiramente e assim ela repousou um pouco. Naquele instante era apenas uma das mulheres do mundo, e não um eu, e integrava-se como para uma marcha eterna e sem objetivo de homens e mulheres em peregrinação para o Nada. O que era um Nada era exatamente o Tudo.

e viva a diva eterna Clarice Lispector! =D

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

do you have ever felt like this?

já faz um tempo que isso não acontece
nos últimos meses estava sendo bem fácil para mim querer e fazer; assim mesmo, rápido, fácil e prático!
mas é claro que alguma coisa assim não pode durar na MINHA vida!

essa semana percebi que os últimos dias, tão estressados e cheios de coisas estranhas, são só aquela velha maneira de viver, uma que eu achei que já tinha abolido de mim mesma...

porque querer alguma coisa não é o bastante pra faze-la?
quero dizer, quando uma coisa só depende de você, e você sabe como e porque fazer, deveria ser bem simples fazer isso, não é?
eu achava que sim, mas não é tão simples assim....

queria mesmo poder tomar de volta pra mim o controle de tudo, de cada passo que dou, tudo como estava sendo... mas perdi o controle da minha vida de novo; perdi e já não sei mais como retomar; será que ainda tem jeito? ou uma chance assim só é ganha uma vez na vida?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

eu sempre quis saber o que realmente queriam de mim;
nunca fui exemplo de dedicação aos estudos nem de organização de nada...
mas no fundo sempre fui aquilo que qualquer pai podia querer...
só não o suficiente pros meus...

só não o bastante perfeita pra caber nesse mudinho de MERDA que inventaram...

quem disse que o que você acha é realmente certo?
quem disse que isso tudo faz algum sentido?
tudo o que nunca fiz, tudo o que deixei de fazer por vocês agora destroi cada pequena particula do meu corpo...
não, não é exagero... é que você não sabe a dor da desconfiança; você não sabe o que é se sentir assim...
ter o dia mais importante, aquele que você vem esperando à 18 anos arruinado por um alguem que só provou, que não vale uma parte sequer de todo o esforço, de toda a dor...
e existe jeito melhor de começar um ano do que passar a madrugada chorando e fazendo metas ridiculas para ser TUDO aquilo que você sempre odiou, só pra não ter que passar de novo pela decepção de estar lá e não poder, não poder ser aquilo que pra você faz sentido...
e pensar que cheguei a ficar feliz quando os vi chegar...

feliz 2010; se você ao contrario de mim suportar chegar até lá!